Seus olhos escuros como a jabuticaba, que antes só alcançavam o que sua mão tocava ou aquilo que estava à altura de um quadrúpede, agora podem enxergar além.
“A conquista do andar ereto é a aquisição motora mais fundamental, pois impregna toda a vida humana; o ângulo de percepção do mundo se modifica e a forma de apreendê-lo se amplia quando as mãos são liberadas da função locomotora. Para constatarmos isto basta que olhemos um objeto ou o ambiente deitados de lado, de bruços, em qualquer posição horizontal, e depois o vejamos em pé; ou ainda, se experimentarmos ir ao encontro do mundo em uma postura mais curvada, por exemplo, com a cabeça voltada para baixo, ou olhando com a cabeça virada para cima. Ampliamos nosso horizonte visual por meio da postura ereta, os movimentos do pescoço e do globo ocular possibilitam maior amplitude da visão. Torna-se necessário direcionar, focar a partir de si o que realmente se quer ver: Assim, desdeo momento em que conquistou a postura ereta, o ser humano buscará, por toda a vida, seu foco.” (Criança Brincando, quem a educa? - Luiza Lameirão).
Este triunfo permite ao menino explorar todos os espaços e andar, andar e andar.
Quando se desequilibra e cai no chão, S. distrai-se com algum “bichinho” ou “plantinha” e logo levanta-se novamente a procura do inexplorado.
Sente-se grande, já sabe andar! Quer andar sozinho, ficando irritado quando algum adulto quer auxiliá-lo nessa nova empreitada.
É interessante observar a determinação deste pequeno ser, ora andando depressa, ora devagar, ora desequilibrando-se mas jamais desistindo. Ao ouvir uma das professoras comentarem “Esse menino agora só quer saber de andar!” questionei-me sobre o que para ele seria esse andar e conclui que estes passos significariam sua nova forma de perceber e conhecer o mundo. Samuel é um menino privilegiado, aprendeu a andar na terra, na grama, no meio da natureza. Conhecerá o mundo a partir de sua exploração.
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